segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

De Igreja Hospital para Igreja Circense!

Este texto é uma contribuição de Roberto Itamar Alves da Costa - Missionário da JOCUM



"Quando criança, eu fui criado em hospitais, desde os dois anos de idade tenho bronquite asmática, meu pai era militar e graças a Deus eu nunca tive que esperar em uma emergência para ser atendido, e por diversas vezes escapei da morte, lembro bem que em uma das minhas crises mais fortes quando adolescente, tive duas paradas respiratórias dentro do carro, indo para o hospital. Mas como tudo que é bom, dura pouco, minha dependência do plano de saúde de meu pai durou até a minha maior idade.


Depois disso passei a depender do nosso “maravilhoso SUS” (Sistema Único de Saúde) que como afirmou o nosso presidente em uma antiga entrevista: “A saúde publica no Brasil está beirando a perfeição!”


Eu entendi que o Lula realmente nunca mais foi em um hospital público, depois de se tornar líder sindical e presidente da república, será que naquela época, os hospitais públicos eram bons?


Mas o que realmente me deixa chateado, é saber que impostos são cobrados, e não são poucos, para que o povo brasileiro tivesse um pingo de respeito, o dinheiro nós já demos, mas onde será que ele vai parar, que não está sendo empregado onde deveria?


Recentemente, eu estava em um culto e ao final fui lanchar com uns amigos, ao chegar ao shopping, o lado direito das minhas costas foi tomada por uma dor insuportável, a dor era tão forte que meu braço adormeceu, sem saber o que fazer, tomei dois comprimidos de dorflex que minhas amigas compraram para mim, (aprendi com um amigo de BH) e até que a dor aliviou um pouco, eu nem consegui comer direito.


No dia seguinte, eu me aventuro no hospital público da minha cidade, ao chegar bem cedo, o hospital já estava lotado parecia o show do Woodstock em 69.


Depois de muitas horas, consegui chegar até a triagem, (detalhe, eu estava na emergência) a enfermeira educada como uma porta faz uma rápida entrevista e me manda para uma cadeira do lado de fora da sala para medir minha pressão, mais gente na fila, depois para o consultório, eu só sei que depois de muitas horas quando fui atendido, o médico não olha em meus olhos e não toca em mim, faz algumas perguntas, receita uma injeção, e alguns exames. Depois de um dia cansativo, foi diagnosticado, um espasmo muscular, o médico receitou alguns remédios, que por sinal não tinha na farmácia que dá os remédios de graça e eu fui embora, gastei a grana que não estava prevista, e fiquei tomando os remédios, passando alguns dias a dor não parou, e pior, agora era no peito. Voltei no hospital, a mesma novela para ser atendido novamente. Outro médico, outro diagnostico, dessa vez correto, pneumonia!


Pensando e refletindo em tudo o que tinha me acontecido, me lembrei de que no primeiro dia uma senhora já de idade bem avançada chegou sentindo fortes dores na perna, ela estava com o tornozelo inchado e não podia tocar o pé no chão, ela tinha levado um tombo, provavelmente estava com a perna quebrada, ela teve que passar por todo aquele processo também. A forma como ela estava sendo tratada me deixou indignado, e apesar de também estar sentindo uma forte dor, e estar a várias horas esperando, não pensei duas vezes em permiti que ela passasse na minha frente, mas os outros pacientes não foram tão pacientes, e eu nem poderia culpá-los, muitos haviam chegado com suas crianças de madrugada.


O descaso, nestes hospitais, com os velhos as crianças e todo mundo que tenta ser atendido descentemente e luta pelos seus direitos, me fez lembrar como anda o Hospital para as nossas almas, mais conhecido como Igreja.


Quando eu morei na Região Sul do país, eu freqüentei uma igreja, durante dois meses, eu assistia três cultos na semana, após um mês e meio eu recebi meu primeiro: Boa noite, seja bem vindo! Muito feliz com a atitude daquele irmão eu fui procurá-lo, para minha decepção, sua simpatia e educação era ligado diretamente ao seu regionalismo, ele era carioca, morava no Sul há 14 anos, como eu queria que ele fosse sulista!


Para completar minha triste desventura nesta igreja, em um culto de domingo à noite eu estava sentado na galeria, quando eu avistei um morador de rua entrando no templo, meu coração até bateu mais rápido, Deus sabe como eu curto e considero esses caras! Para mais uma decepção minha, o diácono da recepção, educadamente pediu para o homem se retirar, usando o argumento de que o templo estava lotado e não tinha lugar para ele se sentar.


No inicio de 2010, eu fui convidado para pregar em uma Igreja Batista, mais o inusitado, foi à proposta do pastor, ele pediu que eu me vestisse de mendigo, e quando ele fosse apresentar o pregador da noite eu apareceria lá na frente, como eu topo tudo pela graça, graça divina é claro, rapidamente me prontifiquei, a receptividade até que foi boa na hora de cumprimentar os visitantes, mas depois da minha mensagem, alguns irmãos vieram me pedir perdão, pois ficaram com nojo, ou constrangidos de vim me cumprimentar na hora do louvor, deu para perceber que eu caprichei no disfarce, uma irmã em especial me chamou a atenção, ela me disse o seguinte:


-Missionário, eu preciso pedir perdão a Deus, e em segundo lugar a você, quando o pastor mandou que nós abraçássemos nossos visitantes, eu não vi em você uma pessoa digna de um abraço, e nem de estar neste lugar…


Seus olhos estavam marejados em quanto ela se desculpava. Essa irmã pelo menos pediu perdão, mas quantos de nós negligenciamos, um abraço, um boa noite ,ou um simples sorriso?


Alguns historiadores narram que Mahatma Ghandhi, era um grande admirador do cristianismo, e estudioso da Palavra também, em uma de suas visitas a um templo protestante inglês, ele sentiu na pele e no coração o preconceito dos cristãos para com os indianos, Ghandhi dizia que o Cristo dos cristãos era maravilhoso, pena que eles com suas praticas, colocavam o Deus que eles criam e pregavam em uma caixa de sapatos.


Passados vários anos após a sua morte, hoje não é muito diferente o descaso da Igreja, e eu não me refiro somente aos excluídos ou marginalizados, mas quanto a toda a sociedade, este descaso tem sido gritante, nossos cultos nossas pregações e nossos discursos, muitas vezes são enganosos e controversos, caem na mesma ladainha de muita teoria e pouca ou nenhuma ação. Não queremos tirar Deus da caixa de sapatos, para poder manipulá-lo melhor. É interessante pensarmos que quando nosso cachorro fica doente, nós o levamos em um veterinário particular, ou seja, caro. Se nós vamos ajudar um necessitado, nós o deixamos na porta de um hospital público, que na maioria das vezes parece um açougue. Os cães têm um tratamento digno, e o ser humano, a imagem e semelhança do Criador, tem o SUS.


Mas graças a Deus, que muitos líderes tem se despertado, e feito de suas Igrejas verdadeiros hospitais para as almas cansadas e sofridas, tem se pregado o verdadeiro Evangelho do Reino de Deus, onde pessoas têm sido abraçadas pela Graça, e o Amor do Pai. Louvo a Deus por esses pastores e líderes que entenderam que Jesus Cristo veio para enfermos e não para os que estão sãos, e que Jesus não veio sarar o bolso de ninguém.


Suas vidas e suas palavras levam as pessoas ao arrependimento real de seus pecados, evangelizam com atitudes e não somente com palavras.


O problema é que, muitas igrejas (com letra minúscula), querem ser como a saúde pública no Brasil, tratam com descaso a sociedade, se fechando a ponto de, em vês de se parecerem com hospitais para as almas feridas pelo pecado, mais se parecem com verdadeiros circos evangélicos.


Nesses lugares nós vemos um bando de palhaços querendo aparecer na ora do louvor, vamos ver quem pula ou grita mais alto! Profetisas de postes, que ouvem as conversas nas ruas e levam para os cultos em forma de revelações, com várias manifestações chamadas espirituais se fazem parecer dançarinas de can-can cheias de pseudo-santidade. Pastores bispos e apóstolos disputam o lugar dos mágicos, quanto mais glossolalias e curas divinas, mais espirituais os tais são considerados, fazem desaparecer dízimos e ofertas em um passe de mágica. Líderes de jovens se digladiam por células, e por almas que são tratadas como números ou metas, (apenas pedaços de carne) eles fazem de tudo para tomar os discípulos uns dos outros, eles seriam bons domadores de leões. Corajosos e destemidos, jogariam a própria mãe em uma jaula de leões famintos, só para ser o 12 de algum pastor figurão. Os discípulos coitados, esses são apenas espectadores, que sonham em ser um desses artistas circenses, o problema é que cada culto no picadeiro, não é de “graça”, que, aliás, anda bem longe dessas igrejas, eles tem que pagar o ingresso, que não costuma ser barato, quando o espetáculo é televisionado fica pior, vai ver quanto que é a entrada de dízimos e ofertas de uma igreja circense que tem programas de TV, afinal são muitos funcionários para bancar, nessas igrejas ostentar prosperidade é uma forma de evangelismo, e até que funciona, desde que eles não tenham que largar a vida circense, ta beleza!


Hospital? Deus me livre! Ele me chamou para receber o melhor dessa terra, Deus me constituiu por cabeça e não por cauda, e onde eu colocar meus pés, esse lugar será abençoado!


Se eles quiserem assistir o culto de um picadeiro, quem sabe Deus não cura as feridas deles?


Assim é o discurso, de muitos líderes circenses.


Se vocês já leram outros textos meu, já devem ter percebido que eu critico bastante as igrejas que não cumprem sua missão bíblica, creio que tenho autoridade para isso, pelo fato de, durante muito tempo ter feito parte dessas igrejas descompromissadas, e permitir que minha religiosidade fosse mais importante que o ser humano, como os caras que crucificaram Jesus. Eu não pedi exclusão ou me desliguei de minha Igreja local, conseqüentemente de minha denominação, eu entendi que os agentes transformadores somos nós, e não a estrutura física ou denominacional, o templo do Espírito Santo, sou eu e você. Não espere sua Denominação ou Igreja local, se voltar para a sociedade e ser resposta, seja você em Deus esta resposta, seja eu e você reflexos de Jesus Cristo.


A pergunta que fica para nós é: Eu como templo do Espírito Santo, Igreja viva do Deus Vivo, tenho sido como referencia para a sociedade, um enfermeiro do Médico dos Médicos, ou um palhaço de uma igreja circo de Satanás?


Em quanto isso o mundo lá fora continua na mesma, mortes, violência, corrupção, etc…


Espero em nome de Jesus Cristo, que você não dependa nunca de um hospital público brasileiro para sobreviver, e nem de uma igreja circense para servir a Deus…"

“Respondeu-lhes Jesus: Não necessitam de médico os sãos, e, sim, os enfermos.

Eu não vim chamar os justos, e, sim, os pecadores ao arrependimento.”

Lucas 5:31-32
 
Contribuição: Roberto Itamar Alves da Costa - Missionário da JOCUM
 
Para ler mais sobre IGREJA CIRCENSSE, CLIQUE AQUI



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