sábado, 28 de agosto de 2010

INGRATOS DE TODO O MUNDO: UNI-VOS!


Tem aquela piada do cara que estava com o pé preso na linha do trem, quando este se aproximava rapidamente para atropelá-lo, desesperado, começa a rezar e prometer um monte de coisas para Deus, de pecados que abandonaria às bondades que faria. Prometeu ser um santo e coisa e tal, até que, em meio ao pânico, seu pé, milagrosamente, se solta dos trilhos. Quando ele se vê livre, sai correndo da linha do trem, olha pra cima e diz: “Pode deixar, Deus, não se preocupe mais, pois eu já consegui me soltar sozinho!”

A ingratidão é uma característica própria do ser humano e deve ser domada, posto todos nós sermos dependentes de outros, sobretudo, dependentes de Deus. Há pessoas obtém sucesso em suas vidas e se tornam vaidosas, soberbas ou arrogantes, eliminando espaço para a humildade e para a gratidão. Mas, para que a gratidão?

A gratidão é o reconhecimento de que todos somos limitados em nossa humanidade. Mas nossos dons e talentos não são propriamente nossos, são empréstimos de Deus.

Sucesso pessoal nunca é fruto único do esforço próprio, jamais podemos nos esquecer que se nossa vida é um sucesso, existe uma história a ser lembrada. Ser grato a quem? Ser grato à nossa família, que nos transmitiu experiências. Aos pais que nos educaram e mostraram o caminho do bem e do mal. Gratidão aos professores, pessoas de quem muitos sequer lembram seus nomes, mas que, apesar de terem estado em salas de aula muitas vezes apenas para receberem um cheque de fome mensal, nos transmitiram suas experiências.

Ser grato? Além da gratidão aos pais, familiares e mestres, deve-se ter gratidão a quem nos deu todas estas pessoas: Ser grato a Deus! Ele nos deu olhos que enxergam, ouvidos que ouvem, boca que fala, mãos que pegam e pernas que caminham.
Deus que nos deu cérebro que pensa, coração que bate e pulmão que respira.
Deus, que nos deu esperteza, destreza, inteligência, capacidade de raciocínio, estratégias mentais, boa memória, habilidade para argumentar e poder de convencimento.
É Deus que nos dá estas coisas.
Entretanto, há os que, mesmo sendo agraciados com todos estes presentes, não os reconhecem como sendo um dom de Deus, pensando serem frutos deles próprios ou frutos do acaso. Ingratos a Deus.

Dentre outras, o ingrato a Deus tem uma característica que lhe é peculiar: Tudo o que ele alcança considera sendo mérito próprio. Suas conquistas ele enxerga como fruto exclusivo de suas lutas. Deus? Um bufão que, caso exista, apenas deu corda no mundo e o soltou à sua própria sorte.

Contudo, este mesmo ingrato, que não reconhece em Deus as coisas boas, é o primeiro a amaldiçoar Deus pelas coisas ruins que recebe da vida.

Este ingrato é aquele cara que, quando alguém morre, diz logo: “Como pode Deus fazer isto?”
Quando perde o emprego, reclama: “Deus não liga a mínima para mim?”
Quando fenômenos da mãe-natureza destroem cidades inteiras, ironiza: “Como Deus deixa tantas pessoas morrerem soterradas? Este Deus é mal...”
Quando estão com um diagnóstico médico indesejado, pensam: “Deus, porque você me castiga, sendo eu tão bom...”
O ingrato não sabe agradecer o bem que recebe de Deus, mas sabe reclamar do mal que a vida reserva a todos.

O ingrato considera o bem e o bom como mérito próprio: o Criador, no máximo, assiste ao show.
Mas este ingrato considera o ruim e o mal, não como ação de suas más escolhas alimentares, más escolhas profissionais ou péssimas escolhas conjugais, mas, quando a coisa está preta, o ingrato se lembra de Deus para culpá-lo. Deus é lembrado somente quando a desgraça bate à porta.
Na lógica do ingrato, ele próprio encarna o bem e Deus encarna o mal.

Assim, o ingrato não considera as catástrofes naturais ação de um planeta vivo e em movimento, mas ação da maldade de Deus, um sádico cósmico, que se alegra em matar milhares de pessoas soterradas no terremoto da China. (Ah! Sim, nesta mesma lógica, para o ingrato, a extinção dos dinossauros também é culpa de Deus). O ingrato se considera melhor que Deus (leia sobre isto clicando aqui).

Não ser grato às pessoas que nos ajudaram, é como não ser grato a Deus, pois as pessoas são postas em nosso caminho por Deus.

Como aquele jardineiro que foi contratado para dar um jeito num terreno baldio. Ele trabalhou com afinco por meses, usou todos os seus talentos e habilidades, tirando as pedras, arrancando o mato, plantando flores e grama, até que, meses depois alguém admira seu novo e belo jardim e elogia: “Você e Deus fizeram um lindo trabalho aqui”, ao que ele responde: “Deus? Este trabalho foi todo meu! Você não viu quando Deus estava sozinho aqui, como isto era um lixo.”

Esta historinha parece engraçada, mas todos nós repetimos esta postura ingrata a Deus todas as vezes que recebemos qualquer tipo de elogio e não repartimos os méritos com Deus, dando também a Glória a Ele: “Se Deus não tivesse me mantido vivo, nada do que eu realizei teria sido feito."
"Se Deus não tivesse me permitido estudar, se não tivesse me dado mãos ou se não tivesse me acordado hoje, nada disto teria sido realizado.”

Ingratidão é murmuração e soberba (leia sobre a soberba clicando aqui)

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Quando assisti este filme grego pela primeira vez tempos atrás, achei apelativo demais. Entretanto, não deixa de ser realidade o que ele mostra.
Ingratidão, impaciência, falta de amor?
Você decide.



HOMOSSEXUALIDADE

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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

OS REVOLUCIONÁRIOS SUJOS

Os revolucionários sujos que poderiam fazer grandes revoluções se tornaram rebeldes sujos devido ao sistema familiar que estão ou estavam e devido ao sistema governamental onde nasceram.

Sábado à noite vamos à rodoviária de Brasília levar um sopão para uma galera que mora na rua ou ate nem mora, mas fica na rua por alguns dias, e encontramos meninos de 8, 14, 16 anos e moças grávidas e jovens brancos, negros e mais alguns “clientes” nossos (como diz um amigo) vivendo naquele lugar sujo cheio de ratos, ladrões, bêbados, etc. Alem de levarmos sopa, roupas, cobertores nós também conversamos muito com os que ainda estão mais ou menos sóbrios e querem conversar quando puxamos conversa com eles, e podemos ouvir dezenas de historias de vida diferentes umas das outros de diversos tipos de culturas, pessoas de diversos estados diferentes, mas com um detalhe em comum em suas historias: Inconformados, essa seria a palavra certa para definir esse ponto de convergência entre as historias dos moradores de rua, os marginais da sociedade de Brasília.

Um jovem de 12 anos, mas com aparecia e tamanho de um garoto de seis anos, nos disse que saiu de casa porque seu pai chegava bêbado em casa quase todos os dias e batia na sua mãe, e ele sem poder fazer nada contra o pai, se viu “amarrado” pelo sistema familiar que ele nasceu. Outro jovem mais velho, já menos sóbrio que o outro, mas ainda com a certeza do porque saiu de casa, nos contou que seu pai o mandou embora de casa porque ele não consegue emprego para ajudar no sustento de casa e disse para ele que lugar de vagabundo é na prisão ou na rua, e detalhe que esse jovem tinha 16 anos de idade, há seis meses está morando na rua. Uma moça que está grávida de uns sete meses viciada em Crack, nos disse que saiu de casa porque a sua mãe todo dia chega bêbada em casa e não cuida da família, bate nos filhos sem necessidade, a casa é sempre um caos total, o pai ainda que tentando ajudar a mudar esse quadro, não tem forças para mudar a vida da família deles; e essa moça estava realmente falando a verdade, pois na rua é comum a mentira, porque encontramos e conversamos também com sua Irma que está morando na rodoviária e também é viciada em crack e nos contou a mesmo historia.

Eu pude notar que esses moradores de rua, são pessoas inconformadas com as situações que chegaram devido a uma serie de fatores e resolveram não se conformar com o que a “vida” tinha lhes proporcionado; O grande erro desses Revolucionários sujos foi de terem canalizado suas forças para um lugar errado, e ai deixaram de ser revolucionários e se tornaram rebeldes e essa atitude ou “escolha” errada dificulta a vida para eles, pois conseguimos olhar para Che Guevara e ver nele um grande revolucionário, pois foi um inconformado com o sistema e quis da forma dele, mudar alguma coisa na sociedade que ele estava, vemos também Martinho Lutero um grande revolucionário cristão que deu uma guinada no movimento religioso de sua época e que ate hoje se ouve falar sobre e se vive essa revolução ou ruptura com o monastério. Mahatma Gandhi foi outro grande homem inconformado que de uma forma brilhante largou o estudo e prestigio que tinha para fazer uma revolu ção sem guerra, mudando assim a historia da Índia, e tantos outros foram revolucionários, mas que diferente dos nossos revolucionários sujos da rodoviária de Brasília, que se tornaram uns revoltados e por isso eles não são respeitados, não são ouvidos, são escorraçados das portas dos restaurantes, nem notados como pessoas são, pois fizeram de certa forma, a escolha errada da vida deles.

Eu, com a Fé em Deus que tenho, acredito que ainda tenha chance de um desses grandes revolucionários-revoltados sujos, se tornarem grandes homens inconformados e mudar esse sistema que eles mesmo estão envolvidos, pois se nós acreditarmos nisso e ajudar eles a canalizarem a sua força rebelde para uma vida de revolução objetiva, eles podem mudar o futuro da humanidade. Isso pode parecer utópico para algumas pessoas, pois só acreditam no sistema pronto, não tem coragem nem de sonhar, mas para mim, que já fui um viciado em cocaína e um dia me libertei do vicio com a graça de Deus, sei que os revolucionários sujos de Brasília ainda têm solução para vida deles. Penso que utopia é viver uma vida sem esperar mudanças, sem conseguir visualizar transformações em vidas, em famílias, em igrejas, em sistemas políticos, pois o Deus criador desse universo é um Deus utópico, pois me Ele me deu esse sentimento de Revolução e essa utopia de vida que quero leva r, é Ele quem nos capacita para as mudanças da vida.
 
Contribuição: Joberson Lino

terça-feira, 24 de agosto de 2010

DIFICULDADE PARA ACORDAR CEDO?



Este curta-metragem japonês em animação mostra com humor a dificuldade que muitos têm de conseguir sair das garras da cama pela manhã. A qualidade da animação é ótima, a trilha sonora parece coisa de "gente grande", o final é surpreendente, mas a linguagem é cult e nipônica, o que não agrada o gosto geral do público brasileiro.
Divirta-se!

CRISES CONJUGAIS

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"NUNCA RIA DA DESGRAÇA ALHEIA"

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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A vida se faz nas marcas


Vivemos numa época que não quer ser marcada. A maioria de nós tenta escapar das rugas, estas cicatrizes do rosto, de todas as formas – algumas delas bem violentas. Os sinais da idade, da vida vivida, são interpretados como algo alienígena, estranho a nós. Estão ali, mas não deveriam estar. É quase uma traição. Urge então apagá-las.

É tamanho o nosso medo da velhice e da morte, que as marcas da vida vivida são decodificadas como feias, quase repugnantes. Tanto que estamos diante de uma novidade – as primeiras gerações de seres humanos envelhecendo e morrendo com os sinais não da idade, mas das cirurgias plásticas. Sim, porque estas também são cicatrizes. Não há jeito de morrer sem marcas porque não há como viver sem ser marcado pela vida. Mesmo os bebês, que por alguma razão morrem ao nascer, já trazem no corpo a marca fundadora – o corte do cordão umbilical que lhes arrancou de dentro da mãe. O umbigo é nossa primeira cicatriz, aquela que nos unifica.

Se a tecnologia conseguir inventar um ser humano sem marcas é porque desinventou o ser humano. Podemos talvez um dia apagar todas as marcas visíveis, tatuadas no corpo. Mas nunca haverá uma cirurgia capaz de eliminar as marcas da alma. E esta é também uma tentativa que temos empreendido com muito empenho. Por um excesso de psicologês, uma leitura transtornada do pensamento de Freud, passamos a achar que tudo é terrivelmente traumático. Qualquer contrariedade ou vivência não programada supostamente estigmatizaria nossos filhos e aniquilaria seu futuro. Qualquer derrapada no script de nossos dias nos assinala como catástrofe. Parece que viver se tornou uma experiência por demais traumática para quase todos – e, se assim é, a única solução seria não viver. Mas a questão não é o trauma – e sim o que cada um faz com ele.

Em anos contando histórias de pessoas – e também minha própria história –, percebo que as pessoas morrem e renascem muitas vezes numa vida só. Cada existência é uma sucessão de pequenas mortes e renascimentos desde este primeiro corte que nos separa de nossas mães e dá início à nossa existência como indivíduo. Fico só imaginando nesta época onde tudo vira trauma insuperável, o que aconteceria se as pessoas pudessem se lembrar dessa expulsão do paraíso uterino. Haveria uma legião de homens e mulheres incapazes de lidar com acontecimento tão terrível. Sem perceber que é só por ele, afinal, que começamos a viver. Até então, somos todos apenas uma continuidade, um apêndice, do corpo materno.

É verdade que, compreendendo o trauma como algo que nos marca, que nos mata simbolicamente para que possamos renascer de outro jeito, nossa vida é cheia deles. O que questiono aqui é a crença de que não deveria ser assim, a ilusão de que é possível – e o pior, que é desejável – ter uma vida sem marcas no corpo e na alma.

É claro que alguns acontecimentos são devastadores – e lutamos para que não voltem a se repetir com ninguém. Mas, mesmo nestes casos, me parece que a vida só é possível não apagando o que é inapagável, mas fazendo algo novo com esta marca. Transformando-a em algo que possa viver.

Recentemente, causou grande polêmica o vídeo abaixo, onde Adolek Kohn, de 89 anos, “sobrevivente” do holocausto judeu, dança com sua filha e netos a música “I will survive” (“Eu sobreviverei”), de Gloria Gaynor, em campos de concentração como o de Auschwitz. Quem não tiver assistido, pode encontrá-lo facilmente na internet. Muita gente achou desrespeitoso com o sofrimento das vítimas do holocausto. A mim pareceu emocionante. Concordo com a filha, a artista australiana Jane Korman, quando diz: “Esta dança é um tributo à tenacidade do espírito humano e uma celebração da vida”.

Poder dançar no palco em que quase foi assassinado – e onde milhões de pessoas foram exterminadas – é fazer algo vivo em vez de fazer algo mórbido. Especialmente poder dançar com a continuidade de você – na companhia de todos aqueles que quase não existiram, uma descendência inteira quase aniquilada pela morte de um. Afinal, ele dança sobre suas antigas e brutais lembranças amparado por uma nova memória, representada pelos seus descendentes, por aqueles que vão recordá-lo e produzir outras histórias e sentidos para a trama das gerações. É mais do que uma magistral vingança – é uma dança.

Isso não significa que este (sobre)vivente tenha lidado melhor com seu trauma que todos os outros. Cada um encontra seu caminho – e a maioria dos caminhos não aparece no You Tube. Mas acho uma prepotência “ser contra” ou ridicularizar a tentativa de um outro de lidar com suas marcas, dar um novo sentido àquilo que o constitui. Transformar em algo mais que a dor o que era só dor. Pode não ser o seu caminho, mas isso não o impede de olhar para a saída encontrada pelo outro com o profundo respeito que ela merece.

Quando as pessoas me contam suas histórias, começam a contar pelos seus renascimentos. Pelo momento em que morreram de um jeito, por causa de um trauma, e renasceram de outro. É ali que identificam seu início – ou reinício. Uma nova vida só é possível quando contém a anterior e a sua quebra. O que atravanca nossa existência é ficar fixado no trauma – enxergar a marca como uma morte que não renasce, como um corte que não vira cicatriz. Por isso a palavra “sobrevivente” – e o sentido que ela tem no senso comum – me incomoda. É como se vida fosse o que havia antes, algo que não pudesse se quebrar, e o que temos agora fosse algo menor que a vida, uma mera sobre-vida. Me parece, ao contrário, que a matéria da vida é justamente esta sucessão de quebras – e viver é dar sentido a elas.

Esta ideia vendida e consumida exaustivamente, de que a vida não pode ser marcada nem no corpo nem na alma, tem causado enorme sofrimento às pessoas. Não o sofrimento que nos leva a criar uma vida, mas aquele que nos leva a anestesiar uma vida. Este equívoco tem transformado gente que poderia viver em meros sobreviventes. Porque se não podemos ser marcados, se cada marca for vivida como algo mórbido e não como parte do vivido, fixamo-nos na morte. Viramos uma ladainha que repete sempre o momento mortífero e não consegue seguir adiante.

Ser – é ser em pedaços. O que nos impede de viver não é o trauma, mas a ideia de que exista uma vida que possa prescindir deles. E o que nos humaniza é a capacidade de criar algo vivo com nossas marcas de morte. Palavra escrita, literatura, como tanto se discutiu na festa literária de Paraty. Dança, como o (sobre)vivente do holocausto. Jardins, bordados, doces, móveis, dribles de futebol.

Como poderia dizer a poeta Adélia Prado, “uso todos os meus cacos para fazer um vitral”. Cada vida humana é um vitral feito com as marcas de todas as nossas mortes. Sem os cacos, nada há.

(contribuição: Eliane Brum)


quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O caráter subversivo de Deus


Jesus é a materialização subversiva do caráter de Deus. Ele esteve entre nós para mudar pra sempre a dinâmica da vida humana. É lógico afirmar que ainda hoje não entendemos essa postura divina. Criamos pontos de vista a respeito de Cristo que nos distancia ainda mais da centralidade de sua mensagem. Jesus foi subversivo do inicio ao fim, e assim foi porque amou até a morte. E a forma como Jesus amou rompeu com a lógica utilitarista dos judeus, porque Ele amou sem se importar com o tempo, lugar, ou muito menos com o tipo de gente para quem dispensava o seu amor. Enquanto os judeus se moviam mediante dádivas e direitos, Jesus era movido pela força inerente a si mesmo: a força subversiva do amor.


Não seria subversivo o fato de curar um doente no sábado, sabendo que o sábado era o dia mais sagrado para os judeus e por isso nada, nem mesmo uma cura poderia ser realizada? Existe algo mais subversivo para um judeu do que aproximar-se de uma mulher para lhe pedir um favor com o agravante maior dela ser samaritana? Jesus causou polêmica porque ninguém entendia como um homem poderia agir de maneira tão irreverente. Além disso, não existia a idéia de culpa no discurso do Mestre, mesmo diante do pecador Jesus não condenava e nem julgava. A possibilidade contínua da existência sempre foi a sua escolha.

Sobre isso, David Bosch ressalta que “somos desafiados a deixar que Jesus nos inspire para prolongar a lógica de seu próprio ministério de uma maneira imaginosa e criativa em meio a condições históricas mudadas”. Estamos em outro retrato da história humana, todavia a necessidade de se importar com o outro ainda é primordial. A questão é que não cuidamos devidamente e muito menos somos criativos nesse cuidado. Não adianta dizer que nos importamos com pessoas se a nossa atitude no cotidiano não demonstra nosso afeto por elas. Nossa preocupação por quem sofre nas enchentes, nos tsunamis, quase sempre não retrata nossa preocupação por quem está sofrendo bem perto de nós.

Ademais, com nosso descaso habitual corremos o risco de, consciente ou inconscientemente, sermos aliados aos sistemas e classes que oprimem e exploram as pessoas, porque quem não ama, explora. Por isso, é tempo de materializarmos a expressão subversiva do caráter de Deus. É tempo de retomarmos nossa dimensão revolucionária. Tempo de voltarmos a amar sem condicionamentos, sem dádivas e direitos.