sábado, 29 de janeiro de 2011

Você fica triste com papo de crente?


Nestas férias eu e Simone fomos curtir as limpas praias de Florianópolis. No avião sentamos junto a uma jovem executiva de sucesso, muito faladeira e simpática. Uma hora de vôo e já éramos todos amigos de infância. Conversávamos de tudo: negócios, família, política, futuro... Até uma pequena confidência com relação a sua vida conjugal rolou. Lá para as tantas, não me lembro qual era o contexto, eu contei que era pastor...

Meu “deus”... Que reação mais inesperada ela teve:
“VOCÊ PASTOOOOR? Como assim pastor?! Você está brincando não é? Claro que está brincando. Pois você é um cara legal! Você é simpático, tem um ótimo papo, é inteligente e culto. Como pastor? Você é um cara bom, de deus! Não pode ser mesmo um pastor, certo?”

Aquela reação mostra bem a cara da Igreja Evangélica no Brasil. Cara esta que os pastores e os crentes deram a ela. Um rosto forjado por comportamentos. Uma cara auto-maquiada sem espelho... Maquiagem mal-feita. Uma cara feia!

Para aquela nova amiga, pastor é uma coisa extremamente ruim, pois como ela disse, pastores são uns caras que roubam dinheiro dos pobres, que pedem dízimos e que vivem do estelionato da fé alheia. Pastor é aquele cara que diz que não pode isto, não pode aquilo, não pode comer, não pode beber, não pode viver... Só pode morrer, pois o resto é pecado... Sim, para muitos, esta é a cara do crente. Esta cara de crente foi maquiada pelos próprios crentes por meio de um discurso anacrônico e antibíblico.

O discurso dos “crentes” tem sido incoerentemente herético!

Muitos crentes só pregam pecado.
Tudo é pecado.
Ser uma mulher gostosa é pecado.
Olhá-la é pecado. (Jesus nunca disse que é pecado admirar coisas belas, disse que é pecado olhar "com intenção impura", que é bem diferente... Como alguns religiosos possuem os olhos maus e não conseguem olhar com pureza, pensam que todos são impuros como eles e acabam por proibir a admiração das coisas belas que Deus criou).
"Todas as coisas são puras para os puros; todavia, para os impuros... nada é puro. Porque tanto a mente como a consciência deles estão corrompidas." Tito 1:15

Ter idéias próprias é pecado.
Contestar é diabólico!
Cuidado com o pecado! Deus castiga!

Muita gente acaba por ficar aborrecido com papo de crente.

Por conta de uma religião doente, inúmeros neo-ateístas os são, não porque queiram brigar com Deus, a quem não conhecem e não acreditam, mas porque querem brigar com os que se dizem representantes deste Deus. Neo-ateístas querem é criar encrenca com a religião cristã e com seus representantes, os crentes, pois estes muitas vezes conseguem aborrecer as pessoas com seu papo muito estranho e, por vezes, hipócrita.

Ao contrário da pregação religiosa sobre pecado e sobre o que não se pode, o discurso do Evangelho de Jesus é sobre o perdão e sobre o que se deve: Amar as pessoas pecadoras.

O discurso central do Evangelho é que todos estão perdoados por Cristo. O discurso é sobre perdão de graça. Sobre coisa boa, vida eterna, paz com o próximo, paz consigo, amor. Sobre não precisar fugir de Deus por medo de punição, mas sobre aproximar-se de Deus, pois Ele já perdoou a todos pois Ele é legal.
"Ele levou sobre sí todas as nossas iniquidades".
"Nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus".

Todos quantos quiserem estão perdoados. A mensagem, portanto, que os representantes de Deus deveriam anunciar tinha que ser uma mensagem que não se concentrasse em “usos e costumes”, comportamentos culturais, comida, bebida, cabelo ou roupa. Mas não é o que acontece normalmente. Temos assistido grupos religiosos que, com a Bíblia em punho, pregam heresias:
Que Deus abençoa só a quem dá dízimo.
Que Deus não abençoa quem não dá dinheiro pra Igreja.
Que a salvação vem pelo bom comportamento e não pela Graça de Deus.
Que cristão não pode ser intelectualmente independente.
Dentre outras heresias.

Tem uma blogueira que é desertora da fé evangélica e cheia de fé em si mesmo. Ela diz ser atéia, se intitula “heresia loira” e se diverte muito com os “crentes” que, em defesa da fé evangélica, infestam seu blog com comentários hediondos e muitas visitas (conseqüentemente, rendendo também anúncios no blog, convites e grana para ela). Percebo no arcabouço do discurso desta blogueira que seu dito ateísmo não é conseqüência, necessariamente, de algum problema com Deus, mas sim, com os crentes. Por conta da má-criação dos filhos, ela bate é no Pai, num processo Freudiano de transferência. Aliás, no geral, os neo-ateus defendem sua “fé” por meio da falta de fé que eles têm nos cristãos. Irônico.

Incrível como algumas pessoas que dizem seguir Jesus falam pouco de perdão, de coisas boas, de felicidade por meio da certeza da paz com Deus. Geralmente crentes não são vistos como pessoas bacanas, que amam a todos, que amam os inimigos, que procuram não ter inimigos.

Incrível como o simpático e psico-emocional saudável discurso do "perdão gratuito de todos os pecados" foi substituído pelo doentia e culposo discurso do "tudo é pecado".
"Vinde a mim vós que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei".
Acho incrível como religiosos não oferecem o alívio que Jesus oferece...

Que fique claro: pecado existe!

Ninguém em sã consciência discordaria que meter uma bala na cara de um motorista para ficar com sua carteira é algo errado, portanto, não é preciso ficar batendo na tecla que isto é pecado, mesmo os dito ateus sabem que isto não é certo. Certo?

Pra que reforçar o que todos instintivamente já sabem? Até a blogueira auto-intitulada Heresia Loira não absolveria sua melhor amiga se a apanhasse hoje na cama com o seu namorado. Ela sabe o que é errado! Ela sabe o que magoa! Ela sabe o que fere! Pra que, portanto, insistir em discursar sobre o pecado? O que ela precisa saber é que Jesus perdoa gratuitamente todos os erros e os pecados arrependidos e confessados. Ponto!

O discurso que o mundo inconscientemente quer ouvir é a pregação do perdão:
Sim, você errou, mas há uma nova chance para você! Não se sinta eternamente culpado. As pessoas podem não te perdoar pelos seus erros ou por você ser uma pessoa tão babaca. Você pode não se perdoar. Mas Deus é aceitação. Deus é um abraço amigo. Deus é perdão! Deus é bom.

Este discurso, tão real e libertador, precisa ser resgatado nos púlpitos e replicado na pregação cotidiana.

Quando me lembro da reação da nossa colega de viagem no avião quando soube que eu era pastor, fica claro que muitos cristãos estão voando fora da rota e a Igreja continuará fabricando ex-cristãos!

Qual Evangelho você tem pregado?

“Meus filhinhos, escrevo isso a vocês para que não pequem. Porém, se alguém pecar, temos Jesus Cristo, que faz o que é correto; ele nos defende diante do Pai. É por meio do próprio Jesus Cristo que os nossos erros e pecados são perdoados. E não somente os nossos, mas também os pecados do mundo inteiro.”
Primeira carta de João, Capítulo 2

 TODA A RELIGIÃO É ESSENCIALMENTE HIPÓCRITA.
QUER SABER PORQUE?
DESCUBRA CLICANDO NESTE LINK:

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Assim é a vida!
Neste bem-humorado filme publicitário da Volkswagen, vemos pai e filhos pensando que estão "passando a perna" numa velhota, contudo...


quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Ah! Se eu fosse um deus...

Como posso aceitar um Deus que permite que as pessoas construam casas nas encostas dos morros fluminenses e depois este mesmo deus depois permite "que chova três dias sem parar".

Como aceitar um deus que envia um dilúvio que matou tanta gente? Famílias e famílias dizimadas. Só sobrou mesmo Noé e sua família... O resto, Deus levou! Sequer sobrou voluntários para exercerem solidariedade.

Como posso compreender um deus que Deixa um terremoto ceifar vidas no Haiti?

Como posso entender um deus que permite que uma onda gigantesca engula grande extensão de terras na Ásia, matando tantos inocentes?

Como posso aceitar um deus que criou um planeta que cospe fogo por meio de vulcões, sendo que apenas um deles, o Vesúvio, soterrou com lava toda a cidade de Pompéia, matando em poucas horas todos os seus 30 mil habitantes? Uma crueldade divina.

Como posso crer num deus que permitiu que um asteróide atingisse a Terra há 65 milhões de anos, extinguindo todos os dinossauros? Um sadismo cósmico.

Como posso eu compreender um deus que fez um planeta todo errado... Um planeta vivo, que respira, que se movimenta, que promove chuvas fortes e fracas. Que cria ondas grandes e pequenas, que esquenta e que esfria. Que está vulneravelmente flutuante na Via Láctea, sem nenhuma grade de proteção para impedir que outros corpos celestes viajantes o atinja.

Aliás, como aceitar um deus que cria outros corpos celestes vivos e magnificamente viajantes, turistas intergalácticos, que em seus perpétuos passeios ameaçam o descanso dos planetas vizinhos?

Ou deus não existe ou ele fez tudo errado...

Se fosse feito por mim, o Planeta Terra, não teria ventos, nem marés, nem ondas, nem placas tectônicas, muito menos chuvas ou tempestades. Eu teria feito um planeta mais estéril, mais morto, mais paradinho.

Se eu fosse deus, não teria feito a evolução geológica ou qualquer manifestação natural.

Deus não poderia ter sido tão cruel permitindo a evolução das coisas. Deus deveria ter sido um pouco mais criacionista e menos evolucionista.

Revolto-me com Deus por ele ter sido tão naturalista evolucionista, dando ao planeta tanta liberdade de desenvolvimento e crescimento.


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Como posso compreender um Deus que deixa tanta gente morrer de fome na África? Se eu fosse um deus não seria assim, mas eu mataria num grande terremoto os que oprimiram e oprimem os africanos. Se eu fosse um deus eu mataria afogadas as pessoas que desmatam o Brasil, provocando catástrofes.

Como posso entender um deus que permite que os homens tenham o livre arbítrio? Herodes, Gengis Khan, Stálin, Hitler, Mao Tsé-Tung, Somoza, Pinochet, Ceausescu, Saddam Hussein, Mugabe, Idi Amin-dada... Todos eles perpetraram holocaustos, torturas, censura política, corrupção, genocídios... Todos eles, em continentes diferentes, causaram a destruição e a morte de milhares, de milhões de seres humanos, homens, mulheres e crianças, em nome de regimes totalitaristas, de ideologias políticas, de uma sede sádica de poder. Mas se eu fosse um deus, seria diferente: Ou não deixaria você fazer o que você quer ou providenciaria grandes tsunamis para acabar com todos os homens que fazem o que querem... Se eu fosse um deus, seria muito, muito melhor. Este seria um planeta de paz.

Se eu fosse deus, apenas eu seria o Grande Ditador, e não deixaria as pessoas fazerem o que querem. Não deixaria o homem ter poderes e vontades e assim não existiriam os ditadores sanguinários. Todos seriam os meus títeres.

Como posso aceitar um deus que criou o homem, assim, tão cheio de liberdades? Tão dono de seu próprio nariz? Tão decisor entre o bem e o mal? Tão livre para amar e fazer o bem e para matar e propagar o mal? Tão... Humano!

Como posso eu compreender um deus que fez os homens que fazem as guerras? Que adulteram? Que traem os amigos? Que roubam do Estado? Que se fingem de cegos ante a injustiça social que promovem ao negar-se a vê-la? Se eu fosse um deus, faria com que um asteróide caísse na cabeça destes homens voluntariosos.

Ou deus não existe ou ele fez tudo errado...

Se fosse feito por mim, o homem, não teria vontades, nem artes, nem poesia, nem paixão, nem amor e sequer opinião própria. Eu teria feito um homem mais estéril, mais morto, mais paradinho.

Se eu fosse um deus, não teria feito a evolução humana ou qualquer manifestação emocional.

Ah! Se eu fosse um deus...

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E por falar  em liberdades humanas, veja o que este filme publicitário nos revela sobre o mau comportamento dos indivíduos...


Este outro filme é outro exemplo que também nos faz pensar sobre nossas influências sobre os rumos da humanidade.


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domingo, 16 de janeiro de 2011

Líderes Evangélicos fazem a diferença na tragédia do Rio, afirmam as manchetes dos jornais


"Silas Malafaia vende seu avião e compra mantimentos para as vítimas da tragédia na Serra do Rio Janeiro."


"Bancada evangélica ameaça trancar a pauta de votação do congresso até que sejam tomadas medidas definitivas para evitar outras tragédias como esta."


"RR Soares reverte as receitas dos carnês de patrocinadores para os desabrigados das tragédias."

"Apóstolo Estevam e Bispa Sônia desviam a Marcha para Jesus para a Serra Fluminense e a renomeiam "Marcha Por Jesus!", uma multidão a serviço da vontade do Senhor Jesus junto ao seu povo sofrido."


"Bola de Neve TV não passa campeonato de surf ou skate sábado a noite para divulgar locais de doações e voluntariado para atuar na serra fluminense."


"Valdemiro Santiago coloca seus dois helicópteros a disposição das equipes de resgate e sai a campo com seus bispos para levar seus estoques de água 100% Jesus às vitimas."


"Edir Macedo desiste da construção de seu templo de Salomão e doa o material de construção para o reparo dos que perderam tudo."



"Rene Terra Nova faz um ato profético em favor das vítimas: Vai ao banco e transfere o dinheiro arrecadado para a Festa dos Tabernáculos para a conta da Cruz Vermelha, para que esta compre tendas e alimentos para os desabrigados."


"Bispo Rodovalho troca as emendas que fez para festas no Ministério do Turismo por verbas emergenciais para os desabrigados."


"Ana Paula Valadão recebe uma revelação de que há um tripé sobre a Serra do Rio de solidariedade, amor ao próximo e humildade e decide realizar três shows com renda revertida aos desabrigados."



"Todas as igrejas evangélicas do Rio de Janeiro interrompem seus serviços internos e abrem seus espaços aos desabrigados, enquanto seus membros ajudam no consolo dos que perderam tudo."


Oremos para que um dia ao menos uma ou duas destas manchetes não soem como piada ou provocação, mas como coisa natural entre o povo de Deus.

Acima estão estampados apenas alguns nomes proeminentes. Contudo, longe deste ser um vil julgamento, este post tem de servir para que cada um de nós, que professamos a fé em Jesus Cristo e em Seu Evangelho de amor aos oprimidos, possamos pensar e nos analisar individualmente.

Sabemos que muitos cristãos e muitas igrejas, das mais diversas denominações, estão se envolvendo pessoal e materialmente, contudo, estas falsas manchetes acima servem para nos fazer refletir sobre o tipo de espiritualidade e cristianismo nosso, não necessariamente do outro, pois cada um prestará contas pessoalmente de seus atos.

Que nesta hora não apenas busquemos os "culpados", mas, acima de tudo, que busquemos primeiramente  a solidariedade com os que sofrem.

O que eu estou fazendo de concreto?

O que você está fazendo de concreto?


Associação da Igreja Metodista - Central de Teresópolis
Banco Bradesco
Ag: 2801
c/c: 8948-6



Associação da Igreja Metodista -Central de Petrópolis
Caixa Econômica Federal
Ag: 0188
Op: 013
Conta Poupança: 3373-7



Associação da Igreja Metodista - Nova Friburgo
Caixa Econômica Federal
Ag. 0186
c/c: 664-2




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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

CRISE CONJUGAL II - Grana ou Sexo?



A "Revolução Feminina"  (ou revolução feminista) chegou rasgando dogmas machistas, preceitos culturais e tradições sociais. Grandes conquistas vieram a partir do momento em que as mulheres começaram a exigir direitos civis iguais aos dos homens: Nada mais justo e natural, pois, Deus fez ambos (Adam-homem e Eva-mulher) com direitos iguais, tanto que o erro de um foi capaz de catapultar ambos, igualmente, para fora da "casa do Pai".

Como em toda revolução, as pessoas sabem o que não querem, contudo, não sabem muito bem o que irá acontecer na contagem dos despojos. Assim tem vivido a sociedade brasileira de classe média pós-revolução feminina: Homens e mulheres vítimas de uma transformação de costumes que ainda está em curso e neste meio de caminho muitas coisas não estão claras para os marcianos e as venusianas. Direitos não desejados estão sendo dados às mulheres. Deveres não negociados estão sendo cobrados dos homens e a parceria conjugal está perdida em meio a uma sociedade que desfez algo, mas que ainda não foi capaz de construir um novo para substituir.


DIREITOS IGUAIS OU PRIVILÉGIOS DA MULHER?

Mulheres enfastiadas de direitos e frustradas com eles. Premiadas com conquistas, mas em dúvida se realmente as queriam. Mães que prepararam as filhas para serem independentes dos homens, mas não prepararam seus filhos para serem independentes das mulheres: ensinaram as filhas a trabalharem fora, mas não ensinaram os filhos a cozinharem e cuidarem da casa (afinal, ironicamente, muitas protagonistas da revolução feminina pensam que "isto não é coisa pra macho" e não querem filhos 'maricas'). Mães que querem que seus filhos tenham boas esposas, que cuidem bem deles e da casa, mas não querem que as próprias filhas exerçam este mesmo papel na vida de outro homem... "Afinal, minha filha foi educada para ser uma profissional, não uma empregada doméstica...". E não foi assim com as filhas das outras mães?

Neste campo de batalha revolucionário, um aspecto tem me chamado muito a atenção: Administração do dinheiro.


GRANA

No geral o que tenho observado em alguns casais é o seguinte: O dinheiro do homem é o dinheiro de todos, que faz frente às principais despesas e manutenção da casa, mas o dinheiro da mulher é o dinheiro DELA, com o qual ela pode "ajudar" na manutenção da casa, contudo, esta verba é prioritariamente usado em suas "necessidades" pessoais, sejam estas quais forem.  No geral a mulher sente-se desconfortável em ganhar mais que o marido e em ter que auxiliar na manutenção da casa. O homem, idem, sente-se diminuído em sua masculinidade quando tem que "pedir"  dinheiro para a mulher a fim de fazer frente às despesas básicas da casa, posto a revolução feminina não ter sido completa, ou foi completa, entretanto, em apenas algunas áreas da vida civil e conjugal.

Revolução inacabada...

Fato observado em minhas incurções pastorais é que estas indefinições financeiras acabam por interferirem na sexualidade do casal, já que, ao dividir a manutenção da casa, o homem pode deixar de enxergar-se como homem e a mulher não mais o enxergar como o homem, posto terem uma carga cultural gritando que no pênis dependurado deveria ter uma plaqueta escrito: "Banco24Horas".

Conheço um casal onde o homem é mais de dez anos mais velho que a mulher. Quando começaram o relacionamento, ele já era um profissional bem sucedido e que já possuía patrimônio e a casa onde moraram, portanto, ele era um ótimo partido para aquela linda jovem, que foi ensinada pela genética e pela "seleção natural" a fazer uma "boa" escolha conjugal, eliminando os machos menos capazes e selecionando o que mais condições teriam de proteger a fêmea. Passado mais de uma década, na qual ela escolheu dedicar-se com afinco à sua carreira profissional, não ter filhos, e fezer inúmeros cursos de especialização, sua carreira naturalmente decolou mais que a dele. Ato contínuo: as contas bancárias, antes conjunta, foram separadas. Ele continua um profissional bem colocado, mas ela, graças ao suporte que o casamento deu, subiu a posições profissionais acima das dele, com salário muito superior. Ele continua bancando a casa. Ela, com seus proventos, bancando seus sapatos luxuosos, carros importados e "ajudando" na casa. Suas economias e crédito na praça a permitiram comprar a sua própria casa e partir para a carreira solo, afinal, aquele homem já era "pequeno demais" para as ambições dela.  Hoje ela está em crise por não ter tido filhos e pela alta probabilidade de não mais tê-los. Tem dúvidas se fez as escolhas certas. Tem dúvidas se valeu a pena ganhar uma carreira de sucesso em detrimento do prazer da maternidade. Tem dúvidas de tudo.

Dentro da classe média brasileira temos muitos casais que não conseguem administrar os sucessos das carreiras de ambos, tanto homens como mulheres. Muitos casais que não sabem administrar as finanças da casa e que brigam por dinheiro. Casais que comprometem o prazer sexual e a união do lar por causa de grana. Casais que dividem tudo: filhos, cama, casa... Só não dividem a conta bancária!

Particularmente tenho uma posição muito clara com relação a isto.


QUEM É O CHEFE DA CASA?

Majoritariamente os homens foram ensinados pelos seus pais e pelas mulheres (suas mães) que o homem tem de conseguir sustentar uma casa para poder casar-se dignamente. Esta informação está guardada no inconsiente coletivo por inércia cultural. Dinheiro, portanto, tem sido usado como instrumento masculino de dominação. Na mesma direção, dinheiro tem sido farejado pelas mulheres como instrumento de proteção. Aqui começa parte do erro.

O mundo ensina que quem tem dinheiro tem poder, mas dentro de um relacionamento conjugal, se ambos desejam possuir os mesmos direitos conjugais e os mesmos direitos civis, dinheiro tem de deixar de ser o instrumento de poder e dominação. Dentro de um relacionamento conjugal o dinheiro não pode pertencer a um ou ao outro, mas tem de pertencer à família. Afinal, somos ou não uma família? O dinheiro deve atender às necessidades da família como um todo e não primordialmente às necessidades deste ou daquele, como acontece nas classes sociais baixa ou alta.

Sou favorável a colocar toda a grana que se ganha num "caixa-único", adminsitrado em comum-acordo pelo casal. Se um ganha 7 mil e outro ganha 3 mil, portanto a renda da casa é de 10 mil, não importando quem contribuiu com a maior parte. Destes 10 mil que pertencem não ao homem nem à mulher, mas à família, ambos farão um "Plano de Contas Familiar" no qual irão prever inicialmente as despesas básicas (alimentação, escola, prestações...) e posteriormente: investimentos, manutenção, entretenimento familiar e entretenimento individual (afinal, cada um dos dois deve ter direito a uma verba pessoal- uma "mesada" - para gastar como quiser).

Separar o dinheiro individualmente em caixas separados é de uma mesquinhez diabólica, por parte do homem ou por parte da mulher.

Se o homem ganha mais, ele não pode usar do dinheiro como instrumento de manipulação da mulher ou da casa. Isto é para os fracos... O marido que precisa usar dinheiro para manipular a própria esposa não é um homem, mas um rato. Se ele não tem autoridade pessoal apenas por ser o marido, não é o dinheiro que dará a ele esta autoridade.

Igualmente, as esposas que ganham ou que começam a ganhar mais que os maridos e que, por isso, imitam o frágil mundo masculino, pensando que agora elas são mais "poderosas"  ou mais "chefes", são também pessoas fracas e de caráter, no mínimo, duvidoso. Estas são esposas que sentem-se no direito de desmerecer os maridos publicamente e desautorizá-los em frente dos filhos ou amigos, já que eles são uns derrotados profissionalmente... Isto é de uma pobreza de espírito patética. Atitude desprezível! Mulheres que agem assim causariam grandes danos às suas famílias se chegassem à Presidência da República.


SEXO

Não há dúvidas que se deixarmos o matromônio entrar neste jogo de poder, a vida sexual pode desandar. Mulheres que por qualquer razão começam a ganhar mais que os homens podem deixar de enxergar neles o papel do macho e perderem o interesse sexual por este homem, interessando-se por outros homens que ganham mais que elas e que podem oferecer mais. Se não existe um amor verdadeiro ou uma relação sedimentada, o dinheiro pode ser um grande afrodisíaco para muitas pessoas...

Em função de crenças sociais que não foram totalmente desmontadas pelas mulheres na revolução feminina, homens que passam a ganhar menos que suas companheiras podem se sentir diminuídos em sua auto-estima e consequentemente diminuídos na cama. Se ela ganha mais, ele pode achar que agora ela é o "chefe" e estes homens passam a ter atitudes subservientes diante delas, ficam mais passivos na cama, podem não mais se enxergare como os "machos-alfa" da relação, não mais sustentarem suas opiniões, aceitarem sem questionar todos os pontos de vista da mulher e, ato contínuo, procurarem outro "lugar"  onde possam sentir-se machos novamente. Não apenas há chances de o homem procurar noutra pessoa um reconhecimento como macho da relação, como a mulher também poderá procurar outra pessoa com quem encontre mais prazer por ser considerado digno de estar, literalmente, "por cima" dela.

Se não for quebrada dentro do casamento esta noção mundana de que quem tem dinheiro detém o poder, as relações conjugais continuarão sendo alvo fáceis de muitas crises. O pior é que nem o governo ajuda, já que oficialmente o próprio IBGE qualifica de "chefe de família"  a pessoa que ganha mais. Esta qualificação dada pelo IBGE é de um poder subconsciente imprevisível.

Então, galera, dúvidas?


Pr. Luciano Maia



[Percebam que tratei neste artigo de um fenômeno das Classes Médias. Nas classes sociais altas e baixas, estas questões não são problemáticas. Nas classes baixas a desestrutura familiar generalizada preserva uma relação de "salve-se quem puder" e como a mulher normalmente tem de cuidar de uma prole que multiplica-se anual e desordenadamente, não trabalha formalmente e vive do que o homem traz pra casa, o que sobrou da cachaça. Nas classes altas estas questões também não são discutíveis, posto os homens dominarem a cena da riqueza mundial e as mulheres que buscaram casar-se com estes abonados sabem bem as regras do jogo que entraram e estão felizes com tais regras: Manda quem assina o cheque do spa e da joalheiria]


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PRA RELAXAR

Agora quatro filmes publicitários que ironizam de forma bem humorada o mundo masculino e a relação entre os sexos.

domingo, 2 de janeiro de 2011

CRISE CONJUGAL - Manual Prático para Jovens


Minha posição de pastor de almas me concede um olhar privilegiado dos relacionamentos conjugais que me rodeiam.

Quando somos "profissionais da alma" (terapeutas, padres, pastores, psicanalistas...) temos sempre nossos ouvidos mais abertos, nossas bocas mais fechadas e as pessoas sempre nos contam seus íntimos segredos, fobias, punções, angústias, sonhos frustrados e futuros e, não raro, nos contam suas intimidades conjugais.

Sempre penso sobre o que me contam, observo os relacionamentos e percebo que, majoritariamente, a reclamação é parecida: "Ele (ou ela) não me atende em minhas necessidades".

No geral as pessoas reclamam de sonhos frustrados. Reclamam que o cônjuge não é "assim ou assado", não faz isto ou aquilo. As pessoas olham para suas necessidades e expectativas e se frustram porque o outro não é (ou não foi) capaz de satisfazê-las.

O conselho mais desejado é: "Você 'merece' ser feliz, portanto, separa-se e busque outra pessoa que possa te fazer feliz".

De fato, não existe nem nunca existirá um casamento perfeito. Desde o primeiro casal (Adão e Eva), pessoas fazem coisas escondidas do cônjuge. No primeiro casal tipificado já vemos que o defeito de um trouxe conseqüências para os dois. Jamais existirá um casal perfeito por uma razão simples: Não existem pessoas perfeitas.

Sonhar com casamento do tipo "conto de fadas" é uma imbecilidade. Tentar dizer para uma jovem que o casamento dela será um conto de fadas é de uma crueldade sem fim. Normalmente as pessoas casadas contam para as solteiras as benesses do casamento e omitem que rotina sempre existirá: Ninguém vive num parque de diversões a vida toda.

Mães ou pais que querem ver suas filhas "bem encaminhadas", são capazes de omitir o fato que, provavelmente, após o segundo filho, o corpinho de violino despencará e ficará mais próximo de um violoncelo. Estas coisas nem sempre são ditas, quando muito, inferidas.

Não existe gente perfeita, portanto, o óbvio é que ao juntarmos dois imperfeitos, teremos um conjunto imperfeito. Ao juntarmos duas pessoas com defeitos e as colocarmos no mesmo teto, teremos uma soma de defeitos, uma multiplicação de falhas, uma potencialização de manias... Não teremos uma divisão de erros ou falhas, o que nos levaria ao que existe apenas no mundo da literatura infantil ou do cinema hollywoodiano: casamentos perfeitos.

Assim, ter a expectativa de que qualquer casamento possa ser uma piscina de espumante, é algo irracional e infantil.

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Erros comuns a serem evitados


Primeiro Erro: Entrar num relacionamento crendo em Papai-Noel, Duendes e Casamentos Perfeitos.

Gente, acorda! Você tem defeito hoje e os continuará tendo após colocar no dedo uma aliança de ouro. Nem a sua nem a personalidade da pessoa que subir ao altar com você mudará num passe de mágica após as bênçãos do celebrante. Portanto, a expectativa normal é que se você escolher subir no altar com um homem mulherengo, você descerá com um mulherengo. Se você subir com uma mulher mal-humorada e que não gosta de cozinhar para você, você descerá com uma mulher que queima o arroz e ainda briga com você. Pregar que pessoas mudam quando se casam é irresponsável e cruel. Pessoas demoram muito para mudar, caso queiram fazê-lo. Alguns defeitos podem ficar até piores e outros defeitos desconhecidos anteriormente podem surgir. Existe um grande abismo que separa o comportamento social do comportamento na intimidade. Já ouvi um ditado que diz que nós não conhecemos alguém quando nos casamos com ela, mas sim, quando nos separamos dela. Portanto, saiba que ao fazer a escolha de casar-se com aquela pessoa que tem todos aqueles defeitos que você sabe, você está escolhendo conviver com tais defeitos e você terá de ter paciência até que o outro decida mudar, caso o outro decida mudar. Após a decisão, virá novo tempo: o da tentativa de mudança. Não se engane: seu namorado ou namorada será no casamento quem já é hoje, portanto, se você já não tolera determinados aspectos da pessoa, pra que estender o sofrimento por meio de uma aliança nos dedos?



Segundo Erro: Criar expectativas grandes demais para o casamento.

Gente, casar é dividir teto, dividir contas, dividir cama, dividir sonhos, dividir rotina. Não existe uma pessoa normal cuja vida seja apenas festa (excetuando artistas excêntricos que acabam por morrer prematuramente). A vida e o casamento são feitos de momentos agradáveis, festas e sorrisos uma parte do tempo. Outra parte do tempo é feito de rotinas, trabalho, louças, roupas sujas, bebês com febre de madrugada, lâmpadas queimadas e, por vezes, alguns sofrimentos que fugirão ao nosso controle. São coisas da vida. Tanto a vida de solteiro quanto a de casado é boa quando temos expectativas realistas e não somos sonhadores demais. Se a expectativa está ajustada, tudo passa a ser bom e estar casado não é um fardo.



Terceiro Erro: Olhar somente para si.

É muito comum eu ouvir de pessoas que querem separar-se porque o outro não mais a satisfaz (emocionalmente, sexualmente, financeiramente ou seja lá o que for). Percebo que muitas pessoas que se casam, o fazem para serem atendidas em suas necessidades. Neste raciocínio, é o outro que tem que me atender, como uma pessoa-objeto. É o outro que tem que me dar atenção. É o outro que tem que satisfazer minhas necessidades emocionais ou sexuais. É o outro que tem que olhar pra mim. Assim, na verdade, não estamos nos casando por amor ao outro, mas por amor a nós mesmos. Não estamos buscando o bem do “próximo”, mas sim nosso próprio bem. Neste estilo de vida conjugal há um constante cabo-de-guerra onde cada um puxa a corda para o seu lado: Brigas e discussões! Se EU estou feliz na relação: ótimo. Se EU não estou feliz: Adeus!

Isto não é amor. Isto é egoísmo.

Se eu não estou pronto para abrir mão de coisas, sonhos e desejos, não devo me casar. Ou, ao contrário, devo me casar comigo mesmo e ter a certeza que EU me darei todos os presentes que eu quiser, verei apenas os filmes que EU gosto e pintarei a parede da minha sala da cor que EU quero. Ambos devem desejar satisfazer o desejo do outro e ambos devem abrir mão de coisas e sonhos, assim, poderemos alcançar um equilíbrio verdadeiro, onde meu desejo é também a satisfação do outro. Quando apenas um abre mão, a relação fica desequilibrada e quando apenas um é feliz, a relação também não é feliz. Aconselhei um homem que, depois de tanto abrir mão, passou a sentir-se como um intruso dentro de sua própria casa. Num dia, ele simplesmente fez a mala e foi-se embora. Aquela esposa ganhou todas as discussões... Mas perdeu o casamento.



Quarto Erro: Confundir amor com paixão.

Paixão é menos do que amor. É fogo de palha, começa muito intenso, mas acaba com a mesma rapidez. O amor é uma árdua conquista.

“A paixão é obra do acaso, brincadeira dos deuses", escreveu o psicanalista austríaco Erich Fromm, estudioso do assunto.

“O amor tudo sofre, tudo suporta, tudo espera, tudo crê. O amor jamais acaba...”, escreveu o teólogo Paulo de Tarso, especialista no assunto.

Conheço uma pessoa que quis terminar seu casamento porque dizia que não mais estava apaixonada pelo marido. Que não sentia mais aquele fogo intenso quando o via... Pobre alma... Não teve o privilégio de ver sua paixão adolescente evoluir para o amor adulto, sentimento equilibrado, calmo, compassivo, doador, que olha pro outro e que jamais acaba...


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Por minhas palavras, você pode até pensar que eu não seja um entusiasta do casamento, mas ao contrário, casei-me jovem, aos 23 anos e ainda estou com a mesma esposa já há 20 anos, pessoa que aprendi a amar. É bom construir juntos. Minha angústia é ver tantas pessoas que querem comprometer-se com outras pensando que casamento é apenas namorar pelado... Não basta ter certeza dos seus sentimentos pela outra pessoa, é importante que você tenha certeza das suas convicções também.

Pense nisso:
Romper com um namoro pode ser difícil... Mas romper com um noivado, tenha certeza, é ainda mais difícil.
Terminar um noivado é bem complicado, mas creia em mim, terminar um casamento é ainda muito mais complicado.

Pense bem antes que entrar nesta aventura chamada casamento. Se, por acaso, você está vendo que as coisas não são boas hoje, a melhor saída é mesmo romper, mesmo que haja dor, que estender um relação que trará ainda mais sofrimento para todos os envolvidos.

Lembre-se, não há casamento feliz sem força de vontade, resignação e muito altruísmo, ou seja, amor. Casar-se é abrir mão de parte de suas vontades e tomar para si parte das vontades do outro.

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Chegar à velhice juntos é um desafio maior a cada geração.
Este comercial mostra bem o desejo de se permanecer com vitalidade mesmo depois de anos juntos.
Feliz casamento pra sempre e, como diz a frase final do comercial a seguir: "Feel young again" (sinta-se jovem novamente).