quinta-feira, 19 de março de 2009

VOLUNTÁRIO OU DISCÍPULO?



Trabalho voluntário é toda atividade desempenhada no gozo da autonomia daquele que trabalha, sem recebimento de qualquer remuneração. O trabalho voluntário tem se tornado um importante fator de crescimento das Organizações Não Governamentais e graças a esse tipo de trabalho que muitas ações da sociedade organizada têm suprido o fraco investimento (ou a falta de investimento) governamental em educação, saúde, lazer, despoluição, etc.

Trabalho voluntário é uma coisa muito legal, apesar de poucos ainda se voluntariarem.

Domingo passado teve batismo na igreja. Foi um bebezinho realmente lindo. O Davi.
Uau! A casa estava cheia pois todos os amigos e familiares do Davi estavam lá para segurá-lo no colo, tirar fotos e alegrarem-se com esta data marcante. Tivessem ido todos os membros da nossa igreja e não teria cabido todos. Na semana que antecedeu ao batismo eu faleu com o administrador da igreja - que faz este trabalho de forma voluntária - que eu gostaria que as instalações fossem especialmente limpas em função daquele batismo que atrairia muitas visitas.

No sábado que antecedeu ao batismo eu estava viajando e chegou aos meus ouvidos que o Jeferson e sua esposa Kelly passaram toda a manhã de sábado organizando a igreja, limpando tudo, coordenando o trabalho de uma diarista que lá estava e juntos deixaram tudo perfeito. Além de adminsitrador voluntário de nossa igreja, o Jeferson é também pai de duas crianças, marido, empresário (possui dois negócios distintos) e seus pais idosos necessitam de cuidados e atenção especiais. O seu gesto me chamou a atenção...

Naquela manhã de sábado, o Jeferson poderia tem lavado seu carro ou tê-lo levado para o conserto. Poderia ter aparado o seu gramado ou feito uma visita aos pais. Poderia ter dormido até mais tarde ou ido ao parque com seus filhos ou ido para a "pelada" dos sábados ou posto sua leitura em dia ou... ou...

Refleti nisto e cheguei a uma conclusão: O Jeferson não é um voluntário. Ele é um Discípulo.

Diferentemente do voluntário, o discípulo é aquele que não apenas auxilia em determinada causa, mas aquele que traz para sí a responsabilidade da causa. Sim, é o nível de responsabilidade que define se uma pessoa é um voluntário ou um discípulo.

Se corrermos até os Evangelhos, veremos que Jesus não escolheu desocupados para serem seus discípulos. Aliás, em toda a Bíblia, todos os grandes personagens eram homens e mulheres ocupados e cheios de afazeres. Deus não gosta de desocupados e preguiçosos. Todos os que foram chamados por Jesus estavam em seus ofícios no exato momento do chamamento, não obstante, não hesitaram em se responsabilizarem por outra causa e estes caras causaram uma revolução na história da humanidade ao darem continuidade no projto do mestre.

O discípulo é aquele que possui alto grau de responsabilidade e comprometimento com uma causa. O discípulo compromete-se com os resultados. Um discípulo não faz tudo, não é perfeito, não é totalmente preparado, até porque é um aluno, um aprendiz, mas dentro de suas limitações e capacidades, não abandona o barco, não responsabiliza outros, não procura culpados e não empurra com a barriga. O discípulo é um adepto voluntário de um caminho muitas vezes involuntário.

O voluntário não entende que a missão na qual envolveu-se seja dele, mas sim que ele está auxiliando na missão do outro; apenas apoiando para que a missão alheia seja bem-sucedida.

Jesus não procurou voluntários, mas discípulos. Não esteve em busca de mão-de-barata ou de pessoas que "descem uma força" para ele, mas buscou e encontrou pessoas que se comprometessem com os resultados que ele proprunha. Pessoas que tomassem para si o desafio do discipulado.

Lembro-me do milagre da multiplicação dos pães. A única pessoa que se comprometeu foi um menino, que inocentemente entregou o Mc Lanche Feliz para o mestre, seus cinco pães e seus dois peixinhos, numa demonstração de comprometimento, desprendimento e discipulado. Naquele episódio, alguns se voluntariaram para buscar comida nalguma aldeia próxima, mas o menino sacrificou-se pelos demais. Ele foi um verdadeiro discípulo.

E você? Se espremer, o que é que sai?

Considera-se um voluntário ou um discípulo? Alguém que dá a sua contribuição para Deus apenas para tirar um peso da consciência e ganhar alguns pontinhos numa tabela imaginária e medieval, ou uma pessoa que está profundamente comprometida com o Mestre? Alguém comprometido com os resultados, o qual seja o Evangelho ser pregado e vivido para que pessoas tenham suas vidas transformadas, não momentaneamente, mas eternamente?!

As instituições humanas buscam voluntários.

Religiões buscam voluntários.

Jesus busca discípulos.

Onde você quer estar?

P.S.: Lá em nossa comunidade nascente, temos vários outros discípulos e discípulas que não foram registrados neste texto. Mas como verdadeiros discípulos, não buscam o aplauso dos homens, mas apenas servir ao Mestre, por isso, não ficarão aborrecidos por não terem sido aqui citados. Já os "voluntários", são normalmente mais melindrosos e ansiosos por reconhecimento público. Onde você quer estar? Se espremer, o que é que sai?

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O filme desta semana é muito legal (e com um atrilha sonora gostosa demais).

Signs (Sinais) é um singelo curta-metragem dirigido pelo australiano Patrick Hughes, conta a história de um rapaz solitário que vivia entediado e na rotina com sua vida e trabalho, até que um certo dia, na janela do seu trabalho, avistou em outro prédio uma linda garota e…
O filme concorreu no Schweppes Short Film Festival

Traduções para as placas que aparecerão, caso necessário:

  1. Take a photo = Tire uma foto
  2. I’m kidding = Eu estou brincando
  3. Nice 2 (to) meet u (you) = Prazer em lhe conhecer
  4. Nice to meet u 2 = Prazer em lhe conhecer também
  5. I have a secret = Eu tenho um segredo
  6. I was watching u first = Eu estava observando você primeiro
  7. Do u want to meet? = Você quer se encontrar (comigo)?
  8. I got promoted = Eu fui promovida
  9. We should celebrate = Nós deveríamos comemorar
  10. Absolutely = Concordo plenamente
  11. Do u want to meet ? = Voce quer se encontrar (comigo)?
  12. Thought you’d never ask = Pensei que você nunca iria perguntar
  13. Hi = Oi

segunda-feira, 9 de março de 2009

RELIGIÃO E HIPOCRISIA: ATRIBUTOS HUMANOS.




Domingo passado - 'dia do descanso' - descansei a tarde toda na casa de vizinhos saboreando um delicioso churrasco, entretanto, não tão delicioso quanto a oportunidade de estar na companhia de todos eles. É uma “bênção” poder ver a vida. Ouvir as opiniões. Sentir a alma do ser-humano. Observar o quão animais somos e o quanto de divino todos temos.

Uma coisa chamou muito a minha atenção. Numa animada conversa com um dos amigos ele me dizia que eu não parecia cristão, uma vez que o meu “jeito” de ser e de viver não compactuava com o que ele entendia sobre os “crentes”. O mais curioso é que esta conclusão dele foi embasada no texto anterior deste blog, o qual fala sobre as perdas e os danos que a existência promove. Minha esposa deu uma resposta óbvia, mas que me fugia dos lábios; disse ela: “Somos cristãos, mas não somos religiosos”. Brilhante, pensei.

Deus não pertence às religiões. Deus não pertence a nada nem a ninguém. No máximo as coisas e as pessoas é que a Deus pertencem. Não há qualquer religião ou teologia que tenha compreendido o incompreensível, ou seja, aquilo que chamamos de Deus. A revelação não está completa. As religiões são construções humanas e, por isso, limitadíssimas. Deus não cabe nelas, apesar delas se auto-intitularem representantes Dele.

Que confusão!

Posto que as religiões sejam instituições construídas por homens, são cheias de erros e injustiças. Religiões promovem intolerâncias, guerras, preconceitos e todas estas coisas que não são pertencentes a Deus, mas pertencentes aos homens.

Quando alguém diz que religião não é uma coisa boa, basicamente está assumindo que a humanidade não é uma coisa boa, já que as mazelas da humanidade estão presentes em todas as instituições humanas, inclusive nas religiões, posto serem estas construções humanas.

Entretanto, uma vez que as religiões arvoram-se por representantes de Deus na terra (apesar de não terem recebido nenhuma procuração formal que as assegure este direito) alguns inclusive, desejosos de protestar contra as mazelas promovidas pelo homem por meio da religião, acabam posicionando-se como ateus, ou seja, confundem Deus com religião (coisas distintas).

Para protestar contra as religiões, não preciso ser ateu. Jesus – que não fundou o cristianismo – discursou duramente contra a religião e foi morto não pelos romanos, mas pelos religiosos, homens do "templo". Muitos, por não tolerarem as guerras que o cristianismo promoveu, posicionam-se como ateus, pensando que Deus é religião... Que confusão!

Na época de Jesus as pessoas mais religiosas recebiam o título de fariseus. Era um rótulo que dava orgulho a muitos judeus. Seriam os muçulmanos xiitas de hoje. Seriam os católicos carolas. Seriam também os “crentes” radicais, partidários da teologia do “nada pode”, com um discurso tão paradoxal que dá até a impressão que foi o diabo quem criou o mundo e não Deus.

A estes fariseus, super-religiosos, que davam o dízimo de tudo, que faziam várias orações diariamente, que dirigiam o louvor na igreja, que perdiam qualquer reunião social para participarem de uma reunião na igreja e que, sobretudo, julgavam e mediam todas as pessoas, a estes Jesus chamou de HIPÓCRITAS.

Sim, religião e hipocrisia caminham juntas já há muitas eras.

A palavra hipócrita vem do grego e pertence ao vocabulário das artes cênicas. Significa artista, ator, mascarado, duas caras, fingimento, aquele que está atuando, aquele que parece, mas, no fundo no fundo, não é. Assim é o super-religioso. Ele apenas parece. E por parecer e não ser, não faz o que deveria fazer, mas deixa de fazer o que esperado seria. Preocupado com a aparência, não com o conteúdo. Um discurso dissonante da prática. Uma pantomima sacra. Um sepulcro bem caiado.

Jesus disse: “Fujam dos religiosos fariseus, pois são mascarados, hipócritas!”

Hoje ele continuaria com o mesmo discurso: Fujam dos que dizem serem meus representantes, mas que as suas práticas não condizem com o meu discurso. Fujam dos religiosos hipócritas. Fujam dos super-homens. Fujam dos super-crentes. Acautelem-se dos hipócritas. Cuidado com os que impõem sobre outros, cargas que eles mesmos não conseguem carregar. Igualmente fujam dos que criticam os religiosos, mas sem possuírem uma ética consistente. Hipócritas!

A Bíblia e Jesus nos ensinam que o homem é pecador. Portanto, eu sou uma pessoa cheia de erros. Você não está fora desta. O Papa não está fora desta. Chico Xavier não está fora desta. Ora, se eu não sou perfeito, quem sou eu para julgar?

Qualquer que julga está sendo hipócrita, posto ninguém ser perfeito.

Disse Jesus: “Não julguem para não serem julgados, pois com a mesma medida com que você julgar, você será julgado”.

Tenho visto tantos religiosos julgando pessoas...

Tenho visto tantos não-religiosos julgando pessoas...

Tenho visto tantos supostos ateus julgando religiosos...

Todos iguais, todos humanos, todos carentes de aprenderem com Cristo a terem um coração humilde, perdoador, não arrogante, não ganancioso, não orgulhoso, não religioso.

Minha luta é não ser um religioso, apesar de ser um pastor. Paradoxal?

Meu esforço é ser um seguidor de Jesus de Nazaré, assumindo publicamente minhas mazelas, sem ser um religioso hipócrita, que finge ser perfeito e a todos julga.

Meu objetivo é conseguir comprometer-me com o discipulado de Cristo, mas não com o discipulado da instituição igreja.

Não sei se conseguirei este meu intento. Quer tentar junto comigo?

Meu amigo apresentado a você no início deste texto também me disse em meio a gargalhadas que se eu continuar neste propósito serei excomungado da igreja. Eu ri demais! Como me divirto! Não sei se comigo ou se com ele. De fato, religiões não costumam ver com bons olhos pessoas não-religiosas.

Meu desejo é que eu e você sejamos pessoas comprometidas com os doces e sábios ensinamentos de Cristo, que promovem a paz de espírito nesta vida e a eterna para depois desta. Com relação à religião... Que não confiemos em nenhuma delas, pois “maldito o homem que confia no homem”.
E como diz um desbotado clichê apregoado por muitos pregadores: "A igreja não salva, quem salva é Cristo".

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Hora da despressurização mental!


Poucos não se importam de perder uma discussão. O adágio popular nos ensina que em matérias mais passionais, como religião, política ou futebol, não deve haver discussão. Com estes dois filmes publicitários, não quero promover a venda de cerveja para você, claro, mas mostrar que até na publicidade todos preferem ter a "última palavra".

O primeiro filme, da Heineken, foi aclamado e premiado por sua originalidade e produção impecável. Com muito bom humor o filme satiriza comportamentos do universo feminino e masculino.

O segundo filme, da Bavaria alemã, foi uma resposta. A agência de publicidade mostra como seria o "capítulo seguinte" da estória anterior, na visão da Bavaria, claro. Também bem-humorado e muito irônico, deixou o concorrente rindo para não chorar.