Ocorreu-me a quatro anos quando andava pela praia pensando em tudo e em nada: “Sou eu um peão no tabuleiro de xadrez de alguém ou o outro é que é uma peça colocada em meu jogo?”
Muitos pensadores referem-se à vida como sendo um local de encontros e desencontros. Pessoas que entram em sua vida para serem protagonistas, depois saem dela - ou não. Nossa vida - é ensinado por muitos - como sendo um curso no qual pessoas te servirão e você servirá a pessoas. Cremos que assim Deus vai tecendo um lindo tapete que é a nossa vida.
Mas assim questionei: Mudei-me para Brasília para que a minha história fosse construída ou para construir a história de alguém que necessitava de alguma habilidade (ou desabilidade) minha? A Cida é hoje a nossa ajudante lá em casa porque precisamos dela ou é nossa família que é importante na construção da história da Cida? Fui contratado neste emprego para que eu recebesse uma bênção de Deus ou para que meu patrão recebesse uma bênção de Deus? Qual é o fio da meada?
Se a vida for comparada a um tabuleiro de xadrez, podemos comparar as pessoas, circunstâncias e escolhas como bispos, cavalos, torres, reis, rainhas e peões que vamos movendo, conforme nossa estratégia diz que será a melhor jogada, buscando segurança emocional e física, conforto espiritual, sentimentos de realização, felicidade e coisas que consideramos necessárias a nós. Movemos as peças no tabuleiro segundo nossos desejos, punções, fobias, crises, paranóias, necessidades e conhecimento. Tomamos decisões. Por vezes estamos ganhando o jogo, por vezes perdendo. Por um golpe, lágrimas convertem-se em riso e... Xeque-mate!
Concluí que todos somos peças no tabuleiro alheio, sendo que o nível econômico define quem pertence ao tabuleiro de quem. Infelizmente é assim. Não existe igualdade. De maneira quase mesquinha e com vistas aos nossos próprios interesses, muita e muitas vezes movemos as pessoas que estão abaixo de nós como peças em nosso tabuleiro, visando a nossa vitória no jogo da vida. Quando o ser-humano exerce superioridade intelectual, financeira, social ou emocional sobre outro, o considera peça no tabuleiro de sua vida. Mas não devemos nos enganar: Nós também somos peças nas mãos de outros. Todos somos peças! Será que sou um bispo ou um cavalo? E de quem? E para quais fins? Só não está sendo manipulada a peça que já morreu e saiu do jogo.
Jesus compreendia isto muito bem. Ele chamava este tabuleiro de vida e as regras deste jogo de “mundo”. Ele compreendeu que revolução política alguma seria capaz de mudar este cenário, mas ensinou que apenas o verdadeiro amor pensa primeiro no próximo e não em sí mesmo e em seus próprios interesses.
Quando amamos as pessoas de verdade, não as usamos como peças do nosso xadrez, mas as respeitamos e buscamos o melhor para elas.
Amar o amor de Jesus significa jogar não para ganhar, mas viver para empatar o empate da Graça. Mover as peças não para o buraco, mas entender que as pessoas que passam em nossas vidas devem em primeiro lugar serem servidas. Se eu primeiro me sirvo das pessoas-peças, estou sendo um jogador mundano e não tenho conversão.
Conversão é não querer ganhar, mas deixar que Deus mexa as peças.
Pois, no fim das contas, esta partida tem um juiz – que não gosta de jogo roubado.
Agora, pausa para a arte!
Neste filme de animação abaixo, feito com a técnica claymation (stop-motion de massinha de modelar) mostra que em nosso cotidiano a luta pela sobrevivência pode converter-se numa luta avassaladora sem fim. Sempre gostei de claymation, desde a minha infância e lembro-me de inúmeros desenhos que assistia. Atualmente meu filho Pedro é fã de "A Fuga das Galinhas", um belo longa-metragem de animação todo rodado com esta técnica.
Interessante pensarmos que a nossa condição no tabuleiro muda sempre. Muda de acordo com a época, muda de acordo com a relação que temos com a outra "peça".
ResponderExcluirImportante agirmos sempre com amor, cientes de que todos somos essenciais uns para os outros!
Beijo de quem acompanha esse pensamento desde aquele dia na praia!!!!
Beijo, Si
O medo e a insegurança faz com que a gente tente - inutilmente- mover as peças. Acredito que essa tentativa de querer ser o dono do jogo é pura ilusão do homem.
ResponderExcluirUm beijo, Renata
Isso mesmo, Renata: Você chegou à mesma conclusão que eu!
ResponderExcluirLuciano Maia